O Lado Bom da Vida - Crítica do Filme

O Lado Bom da Vida | Crítica do Filme

Talvez o cinema de Hollywood esteja mesmo sofrendo de falta de amor, não de comédias românticas, mas sim de personagens apaixonados e que consigam sobreviver a um filme inteiro simplesmente à base de suas paixões. O Lado Bom da Vida se encaixa nesse espaço com humildade e sensibilidade suficientes para conquistar todos que encararem essa.

É lógico também que grande parte dessa responsabilidade surge, justamente, por fazer isso com um assunto pesado em mãos, mas que é tratado com tanta leveza que serve de pano de fundo perfeito para uma história de amor delicada e otimista.

E talvez sejam mesmo essas duas palavras que mais resumam O Lado Bom da Vida: Delicadeza e otimismo. A primeira por tocar em assuntos como bipolaridade, transtornos obsessivos compulsivos (TOC), ansiedade e mais algumas doenças psiquiátricas de um jeito que, não só respeita, como mostra o quanto tudo isso pode ser superado. E como é bom ver um filme que significa alguma coisa para as pessoas sentadas naquela sala de cinema. Um filme que deixa que cada um dali leve um pouquinho dele para casa.

Nele, Bradley Cooper é Pat, um rapaz internado em uma instituição psiquiátrica após encontrar sua esposa o traindo e ter um acesso de raiva. Na verdade, toda história começa com sua saída e a tentativa de uma nova vida, ainda que para ele isso signifique reconquistar a ex-mulher. Do outro lado, surge Tiffany (Jennifer Lawrence de Jogos Vorazes), cunhada de seu melhor amigo e que recentemente ficou viúva e afundou em uma espécie de surto ninfomaníaco.

O Lado Bom da Vida Resenha

O Lado Bom da Vida, baseado no livro de Matthew Quick, conta então essa sensível e simpática história desses dois caminhos destruídos pela ausência, mas que aos poucos começam a perceber que não estão tão perdidos assim. Ainda mais quando ela consegue convencer Pat a participar de um campeonato de dança enquanto ajuda-o a se reaproximar da ex-mulher.

De modo cuidadoso e sem em nenhum momento cair em qualquer exagero, David O. Russel (de O Vencedor), que aqui dirige e escreve, com a mesma humildade de seu filme, apenas acompanha essa história do jeito mais sensível possível. Como se convidasse o espectador a observar esse amor, como se desviasse os olhos para o decote de Tiffany, ou procurasse pela aliança na mão esquerda de Pat, ou, simplesmente, prestasse atenção para as mãos dadas dos dois, mesmo que nem eles saibam como aquilo aconteceu.O filme é então formado por esse monte de momentos deliciosos, tanto entre os dois como diante da relação entre Pat e sua família, seu pai bookmaker com TOC e sua mãe, simplesmente apaixonada pela possibilidade de ver sua família reunida mais uma vez. E ai talvez comece a surgir um dos maiores trunfos de O Lado Bom da Vida: seu elenco.

Tanto os pais, o sempre ótimo (ainda que sem perder certos trejeitos) Robert De Niro e a mãe, Jacki Weaver (que fez um trabalho sensacional em O Reino Animal), completam um elenco que parece entender perfeitamente todas as necessidades dessa história, já que se doam de modo sutil e natural a esse filme com jeito de pequeno e intimista, mas com uma vitalidade enorme. Principalmente pela força dos dois protagonistas.

O Lado Bom da Vida Youtube

Enquanto Cooper tem a naturalidade e simpatia perfeita para encarar o personagem, não perde o vigor quando é tomado pela dor de sua doença, assim como não se leva por ser um galã romântico, mas sim viaja dentro de alguém que realmente sofre com a impossibilidade de ser uma pessoa normal (ou apenas aquela média cinco que os dois procuram no final). Do outro lado, Lawrence recebe de presente essa personagem que convive com toda essa casca de atitude, mas no fundo é tomada por uma insegurança e uma paixão que a movem por esse caminho reticente que parece sempre fadado a se despedaçar. Duas composições que, por si só, carregariam o filme sem a presença de mais ninguém.

Tudo isso embalado por um bom humor sutil que nunca desrespeita o espectador, conta com sua inteligência e se deixa levar por essa trama delicada e bonita. Uma trama que não vai por soluções inventivas, mas sim apenas pelo objetivo óbvio de presentear seu público com uma história de amor suspirante e que nunca perde o tom. Algo tão difícil de se ver na Hollywood atual.


O Lado Bom da Vida – Atores e produção

Silver Linings Playbook (EUA, 2012) escrito por David O. Russel, Matthew Quick (livro), dirigido por David O. Russel , com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver, Chris Tucker, John Ortiz e Julia Stiles.


Trailer de O Lado Bom da Vida

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