O Fim da Ecuridão Filme

O Fim da Escuridão

Fim da Escuridão, primeiro filme protagonizado por Mel Gibson desde Sinais (de 2006), talvez deixe uma impressão imediata um pouco distorcida daquela verdadeira. De um filme meio chato e entediante, mas que, diante de uma rápida análise acaba se mostrando muito melhor do que ele realmente parece ser.

A começar pelo nome do diretor Martin Campbell, que depois do ótimo Cassino Royale parece ter encontrado um lado muito mais climático do que estava acostumado (vide seus Zorros, com Antônio Banderas, e o fraquíssimo Limite Vertical), apostando exatamente nisso: no clima. Assim como também se escora bem no ótimo roteiro adaptado por Willian Monahan (Infiltrados) e Andrew Bovell (Lantana) de uma premiada mini-série britânica, dirigida pelo mesmo Campbell e que aqui casa perfeitamente com a dupla acostumada a histórias truncadas e movidas por personagens em uma trama que quase sempre acabam sendo muito maiores que eles. Nesse caso, a do policial vivido por Mel Gibson que presencia a morte da filha e se culpa, achado se tratar de um atentado contra ele que deu errado, mas dá de cara com uma conspiração muito maior que ele jamais imaginou.

E por mais que pareça apressado em seus primeiros minutos, empurrando um distanciamento entre o pai e a filha, o que é importante para aumentar ainda mais aquele sentimento de culpa, por sorte, tanto o roteiro quanto a direção conseguem delimitar muito bem essa relação, pelo  menos o suficiente para segurar todo resto do filme. Já que a grande surpresa de toda trama, não só se dá logo depois de sua morte, como estampa o trailer. Uma opção tremendamente acertada, já que isso acaba logo com qualquer expectativa deixando terreno livre para o filme tratar com mais desenvoltura, e calma, do que realmente importa na história: toda conspiração ao redor da filha.

E mesmo que muito gente torça o nariz para essa falta de vontade do roteiro em criar um suspense maior, essas mesmas pessoas não conseguiriam conceber que esse suspense perdurasse com o mínimo de credibilidade ao mesmo tempo em que a verdadeira trama do filme fosse andando. Seria impossível as investigações chegarem à tal “empresa vilã” sem que logo de cara o roteiro apontasse com clareza que a filha era o verdadeiro alvo.

Mas talvez esse tempo todo que preceda essa virada na trama seja um pouco extendido demais, não levando a muita coisa e quase amarrando demais o começo do filme com uma série de pistas que chegam a outros lugares e depois a outros sem muita ação. Com muita gente falando e pouca coisa acontecendo.

Uma teia que envolve o personagem, mas que em nenhum momento se mostra forte o suficiente para empolgar o espectador. Como se um velho policial de Boston conseguisse chegar a conclusões, fatos e pessoas com uma facilidade pouco interessante. O modo como ele escapa dos assassinos contratados, em dois momentos da trama, apontam ou uma verdadeira incopetência da empresa na hora de empregar seus funcionários, ou uma supervalorização do herói de Gibson, e em ambos os casos o espectador acaba  chateado com a possibilidade.

Na verdade essa falta de interesse descrita no primeiro parágrafo, talvez ocorra por um pequeno desiquilibrio com o qual o filme não parece saber lidar, principalmente ao optar por um filme de investigação e uma figura heróica como a do policial veterano “armado e perigoso” a procura de respostas e vingança. Talvez por merecer uma agilidade maior ou até algum tipo de reviravolta melhor construída para mover o filme depois de sua metade, que acaba sendo um pouco mais chata que sua trama deveria ser.

Grande parte desse desiteresse talvez se dê graças a uma atuação pouquissimo inspirada de Mel Gibson (coisa que já não é mais novidade) em um tipo de piloto automático inexpressivo e bidimensional, que cria um personagem amargurado e só. Sendo que nem a presença dos ótimos Danny Huston e Ray Winstone parecem acresentar nada.

Com todos esses problemas, o difícil é acreditar que Fim da Escuridão ainda resulta em um thriller interessante, com um conspiração pungente (assim como o resultado do filme) e que segurará grande parte da plateia que entrou no cinema a procura de uma boa história, já que disso eles não terão do que reclamar.


Edge of Darkeness (EUA/GB 2010) dirigido por Martin Campbell, com Mel Gibson, Ray Winstone e Danny Huston


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