O Conto da Princesa Kaguya Filme

O Conto da Princesa Kaguya

Fundado em 1985, o Studio Ghibli lançou, desde então, obras-primas como O Túmulo dos Vagalumes, Princesa Mononoke, A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado, além de diversos outrosO Conto da Princesa Kaguya Poster filmes que tornaram o estúdio fundado por Hayao Miyazaki, Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma o lar dos maiores gênios da animação japonesa – e mundial. O Conto da Princesa Kaguya, dirigido por Takahata, já tem lugar garantido na lista de melhores produções do estúdio. Infelizmente, pode ser também o último dos filmes do Ghibli.

Escrito por Takahata ao lado de Riko Sakaguchi a partir de uma lenda japonesa, o filme acompanha uma pequena criatura encontrada por um casal de cortadores de bambu dentro de uma das plantas. Tocada pela mãe, ela se transforma em um bebê humano que cresce rapidamente e, dentro de alguns anos, é uma jovem moça. Os pais adotivos reconhecem que o desenvolvimento da filha é “estranho”, mas aceitam a situação sem maiores consternações. Afinal, não é por isso que quaisquer pais ou pessoas em contato com crianças pequenas passam – vê-las crescendo rápido demais?

A magia e a beleza de Kaguya atraem riquezas para a família e, logo, os pais da garota decidem que o melhor para ela é viver em um palácio e esperar passivamente até que o melhor pretendente surja. Kaguya rapidamente vira a situação em seu favor, mandando os candidatos em testes que eles estão destinados a falhar. Kaguya teme não encontrar um espaço na restritiva sociedade do Japão antigo, um lugar dominado por homens e em que as mulheres são criaturas passivas cujos deveres são manter a bela aparência e servir ao marido.

Mas a princesa também encontra beleza no mundo ao seu redor: uma árvore de cerejeira florida, o pôr-do-sol tingindo a Terra de inúmeras cores, a música tocada por um povo feliz, a tranquilidade de um dia ensolarado. Em uma determinada ocasião, Kaguya descobre sua verdadeira origem, o que a leva a contemplar uma vida longe das convenções terrenas – e, também, sem seus pais e sem a beleza e a vida que ela descobriu aqui. As cores suaves da animação fazem com que cada paisagem pareça respirar, transmitindo o fascínio que o mundo ao redor de Kaguya exerce sobre a princesa.

O Conto da Princesa Kaguya Crítica

Todos os filmes do Studio Ghibli são desenhados à mão, utilizando as técnicas do início da animação. Mesmo para os padrões do estúdio, O Conto da Princesa Kaguya é inovador: cada cena parece saída diretamente de um livro de histórias. Imprimindo sua obra de riqueza, Takahata desenha linhas delicadas e bem definidas ao longo da maior parte do filme, empregando traços brutos e agressivos, por exemplo, na magnífica sequência em que Kaguya, triste e enfurecida, foge do palácio.

Com mais de duas horas de duração, o universo de Kaguya se desenrola aos poucos, com a calma e o cuidado típicos do cinema asiático e masterizados pelo estúdio, que sempre honrou a atenção aos detalhes e à ambientação. Assim, o duelo interno da protagonista – entre o desejo pela liberdade e o amor pelos pais, entre o que é esperado dela e o que ela deseja, entre os anos que passou em sua pequena cidade e sua verdadeira identidade – são representados através dos traços perfeitos da equipe de animação, enquanto passamos aquele tempo com uma garota extraordinária: não especialmente gentil ou agradável ou quaisquer dos adjetivos que as mulheres deveriam ter em sua sociedade, mas que jamais deixará de amar a beleza cotidiana das pessoas e da natureza. Assim, mesmo cercado de fantasia e magia, a obra é, em sua essência, sobre o crescimento de uma garota e sua transformação em mulher, enfrentando um mundo avesso ao sexo feminino pelo direito de ser ela e de ser livre.

“Ninguém vai ser dono de mim”, declara a princesa. Honrando a tradição de protagonistas femininas complexas e fortes do Ghibli, Kaguya lidera uma história tradicional contada de maneira inovadora, em um filme que só poderia ter saído do melhor estúdio de animação do mundo. Um estúdio que, quando encerrar suas atividades, deixará um buraco enorme no cinema.


“Kaguya Hime No Monogatari” (Japão, 2013), escrito por Isao Takahata e Riko Sakaguchi, dirigido por Isao Takahata, com as vozes (no original) de Aki Asakura, Yukiji Asaoka, Takaya Kamikawa, Kengo Kôra, Takeo Chii e Isao Hashizume.


Trailer – o Conta da Princesa Kaguya

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