O Casamento do Ano

Não há duvidas que o cinema adora casamentos, principalmente aqueles dias que antecedem a cerimônia e onde tudo de bom ou ruim pode acontecer. O Casamento do Ano então não foge disso e é mais uma comédia descartável sobre dois noivos e um punhado de O Casamento do Ano Posterparentes bem problemáticos.

“Bem problemáticos” mesmo, já que o remake da produção francesa de 2006 Mon Frére se Marie, adaptado e dirigido pelo inexperiente Justin Zackham, parece ter o único objetivo de fazer comédia com a maior quantidade possível de dramas que uma família poderia ter. Decisão que até soa divertida em um primeiro momento, enquanto o roteiro consegue ver graça em todas essas situações, mas aos poucos vai se tornando mais e mais uma série episódica de pequenas e lentas sessões de terapia.

Para cada estrela do cartaz (e não são poucas) há um momento onde o (pretenso) riso precisa dar lugar a um diálogo que expõe seu problema familiar. A começar por Robert De Niro e Diane Keaton, patriarcas da família, mas que estão separados há tempos e voltam a se encontrar no casamento do filho adotado, Alejandro (Ben Barnes, que viveu o Príncipe Caspian em Nárnia), o problema é que De Niro agora está junto de Susan Sarandon, ex-melhor amiga dela. Mas o verdadeiro combustível da trama é a chegada da mãe biológica do filho, uma colombiana católica, que, para não chateá-la, o noivo tem a “ótima” ideia de fingir que os pais ainda estão casados, pelo menos durante o final de semana do casório.

Como essa ideia é falida desde os primeiros momentos, é difícil aceitar que qualquer caminho do filme consiga chegar a qualquer situação que não seja completamente óbvia e monótona. Tanto envolvendo esse triangulo amoroso dos pais quanto às situações com os outros dois filhos do casal, Katherine Heigl, que começa o filme com uma espécie de aversão a bebês, um desmaio e um vômito, e sofre pelo drama de tentar engravidar a tempos (adivinhem então a novidade!) e Topher Grace, um personagem completamente estúpido que um dia acordou aos 16 anos e resolveu que só iria perder a virgindade com uma mulher especial, isso, ou aos 30 se transformar em um tarado assim que olhar a irmã biológica do irmão nadando nua em um rio, já que todo mundo deve fazer isso no país dela.

E falando em “costumes locais”, O Casamento do Ano ainda parece feito especialmente para ser odiado na Colômbia, já que, não só a trama se movimenta a partir de uma premissa que encara a mãe biológica como se ela viesse de uma buraco/aldeia em algum canto da América do Sul, que acharia que todos iriam para o inferno por se separarem e que anda agarrada em um terço encarando a sociedade americana quase como se tivesse viajado no tempo e chegado ao futuro da humanidade, como ainda parece ter em mãos uma única variação de piada, onde inglês e espanhol (idiomas) não se entendem.

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Pior ainda é perceber que, no final das contas, tirando os noivos, todo resto dos personagens e situações só parecem estar ali movidas por hormônios. Até a coitada da senhora sul-americana (e aqui um pequeno spoiler!) se redime de estar durante todo o tempo julgando os “americanos” como animais lembrando que, na verdade teve lá seu passado pecaminoso e até mesmo sente saudades é de uma boa noite de sexo.

Uma inversão de valores que chega o ponto de achar engraçado todos os sogros terem traídos todos (entre si) ou ainda queiram tirar uma casquinha de quem sobrou. Uma série de situações completamente infundadas e que logo podem até ser esquecida, por que a vida segue e todos precisam acabar o filme dançando durante o casamento, como se não tivesse acontecido nada.

Pelo menos, o elenco cheio de gente experiente não atrapalha mais ainda o que poderia ser uma experiência traumatizante para qualquer espectador, e nem a participação de Robin Willians no papel de um padre sem muitas piadas atrapalha. O único “porém” do elenco acaba sendo, justamente, De Niro, que já passou da hora de tentar fazer algo mais desafiador em sua carreira e, mais do que nunca, se joga em um piloto automático e parece acomodado dentro do jeito descartável, tanto de seu personagem, quanto da trama e do filme, sem nenhum dos dois (ator e filme) ganharem absolutamente nada por estarem juntos.


The Big Wedding (EUA, 2013), escrito e dirigido por Justin Zackham, com Robert De Niro, Katherine Heigl, Diante Keaton, Amanda Seyfried, Topher Grace, Susan Sarandon, Robin Williams, Ben Barnes, Patricia Rae e Ana Ayora


Confira o trailer do filme O Casamento do Ano

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