Memórias do Grupo Opinião | Sem surpresas e frustrante


[dropcap]M[/dropcap]emórias do Grupo Opinião é exatamente o que você terá nesse filme. O que é um pouco frustrante, diga-se de passagem. Bons documentários costumam trazer uma surpresa por trás de sua premissa.

Mas esse é daqueles que pega carona na moda de se falar na intervenção militar de 64… aliás, ditadura militar. Aliás, golpe militar. Eu já não sei mais. É difícil usar o vocabulário exato quando se fala de política, porque a política corrompe até o dicionário.

Enfim. A história é sobre vários artistas (músicos/atores), sambistas do morro e bossistas da classe média, que se reúnem no criado Centro Popular da Cultura, fazendo arte como artistas costumam fazer, mas em época de intervenção/ditadura/golpe se chama resistência, que é mais nobre e bonito.

Quem conta a história e se vangloria do fato são eles próprios, em entrevistas que intercalam vídeos da época e performances atuais das músicas. Temos muitos nomes e muitas legendas para eles, que tentam registrar fotos e vídeos da época. As legendas pulam em cima até das bandas atuais, caso você tenha algum interesse aleatório em saber o nome deles. Ou o merchand faz parte do pagamento.

A ideia por trás do CPC é promover a arte como forma de resistência política. Essa é a visão de alguns membros, não de todos. Eles formam esse grupo logo em 64. Ele dura cinco anos, mas depois a resistência queima, se divide em dois e se dissipa. “O maior mal que a ditadura fez”, diz um entrevistado, “foi separar a gente”.

Este é mais um daqueles registros obrigatórios do passado, está no festival É Tudo Verdade e não deve estrear em nenhum cinema. Por mais que o conteúdo seja interessante como parte da história, seu formato é muito convencional e feito para home video. Seria um bom item para a coleção dos anos 60 da antologia brasileira.


“Memórias do Grupo Opinião” (Bras, 2019), escrito e dirigido por Paulo Thiago, com Carlos Diegues, Antonio Pitanga, Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar.

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