Mapas Para as Estrelas Filme

Mapas para as Estrelas

Mapa das Estrelas, novo filme de David Cronenberg (Cosmópolis) quer falar sobre incesto, mas não de uma maneira direta, e não exatamente sobre incesto. Ele quer discutir através das celebridadesMapas Para as Estrelas Poster de Los Angeles o que há de podre por trás de todo ser humano. Diferente do filme de Sofia Copolla, Bling Ring, ser um ator ou atriz famosa não tem relação com o comportamento dessas pessoas, pois elas já são problemáticas. A dinâmica tem mais a ver em como o fato delas serem famosas gerar uma tendência curiosa da sociedade em fazer vista grossa para seus atos mais maldosos. Maldosos, porém, inerentemente humanos.

Uma das primeiras cenas envolve Benjie (Evan Bird), um ator-mirim que vai a um hospital visitar uma garota que é paciente terminal. Ele pede ao seu assistente que traga um iPad para a garota e lhe que vai fazer um filme da história da sua vida. Sabemos que é mentira sobre o filme, mas uma criança saberá disso? O que está em jogo aqui é apenas o ego de Benjie, que só quer que a garota pense que ele é bom, falando qualquer coisa que a agrade com sua criatividade preguiçosa. É a regra do “enquanto você me der o que me deixa bem comigo mesmo, continuo fazendo o que tiver que fazer, seja lá o que for”. Desde, é claro, que isso não envolva muito esforço. Esse parece ser o lema não apenas das crianças, mas como da maioria dos adultos nesse universo doentio.

O reflexo perfeito disso é sua vizinha, Havana (a cada vez mais supreendente Julianne Moore). Ela foi abusada quando criança pela sua mãe e agora faz de tudo para pegar o papel de um remake que um dia foi dela. Só que ela está envelhecendo, e seus cartuchos estão acabando. Servir de holofote para escândalos como seu trauma de infância é uma técnica das mais comuns entre celebridades, mas nem todos podem usufruí-la. Um exemplo é a família de Benjie, formada pelo pai psicólogo de TV (John Cusack) e a mãe depressiva (Olivia Williams). Eles escondem, como todos, muitos segredos. Porém, uma coisa que eles não toleram é que um de seus membros tente acabar com a reputação da família. O ego mais uma vez.

Mapas Para as Estrelas Critica

Aos poucos a trama de Mapas para as Estrelas vai se revelando, mas isso não é tão relevante quanto continuar acompanhando a linha de raciocínio daquele universo peculiar com seu hedonismo auto-destrutivo misturado de sadismo involuntário, onde matar um cachorro (ou uma criança) significa um pouco menos do que um incômodo. Às vezes destruir um planeta ou um satélite só ganha relevância em como isso afeta a figura celeste que este circundava. Costumamos chamar celebridades de estrelas (ou astros) pela referência ao seu brilho. Aqui a referência é a massa gigantesca da imagem pública construída cuidadosa e constantemente em um trabalho de manipulação incessante. Quanto mais massa (leia popularidade) um astro possui, mais gravidade sobre os outros “planetas” ele terá (leia influência ou admiração).

Porém, ao mesmo tempo que ter um ego poderoso parece ser vital naquele ambiente, este é que parece dirigir a vida de fato dessas pessoas, e tudo o que o afeta parece retornar como uma ameaça. Dessa forma, ter um papel negado em um filme é quase tão doloroso quanto ser apunhalado pelas costas. Cronenberg tece esse sentimento por todo o filme, mas soa espalhafatoso demais, jogando peças demais no tabuleiro. Quando a cena do assassinato acontece, já é muito tarde, mas mesmo assim ela funciona por tudo o que representa em metalinguagem. Não à toa, usar “Carrie” Fisher (a própria) como a amiga da perturbada Agatha (Mia Wasikowska) vira uma referência incidental ótima à personagem homônima do terror de Brian de Palma (incluindo o detalhe perturbador da “menstruação”).

Referências ao mundo do Cinema, como os diálogos, e detalhes do dia-a-dia dessas pessoas infelizmente acabam apenas servindo de pano de fundo para o terror pretensioso do diretor. É um ótimo filme, tenso, que incomoda pelo senso comum, mas não constrói nada muito sólido em cima do seu próprio senso do que é existir naquela realidade.


“Maps to The Stars” (EUA, 2014), escrito por Bruce Wagner, dirigido por David Cronenberg, com Julianne Moore, Mia Wasikowska, Robert Pattinson, John Cusack, Evan Bird e Olivia Williams


Trailer – Mapas Para as Estrelas

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