Gente Grande | Nem é um desastre completo

Antes de mais nada, uma única coisa surpreende em Gente Grande: mesmo com um pôster apresentado os nomes do trio Sandler, Schneider e Spade (que já trabalharam juntos, mas nunca como protagonistas), essa comédia dirigida por Dennis Dugan (que também sempre esteve envolvido com o trio, o que não ajuda) podia ser um desastre completo, mas acaba sendo apenas um escorregãozinho que vai fazer muita gente passar por ele sem muitos problemas.

Na história, um grupo de amigos de infância se reencontra no velório do ex-treinador e acabam passando o feriado em uma antiga casa no lago onde freqüentavam na infância e adolescência. Cada um com sua mulher, filhos e a certeza que a única coisa que querem é voltar uns trinta anos atrás e se divertir como tanto faziam.

Bem verdade o roteiro do próprio Sandler em parceria com Fred Wolf não parece tão a fim de ser tão profundo como o parágrafo anterior, apelando um pouco mais para apenas os cinco amigos se sacaneando entre si o maior de número de vezes possíveis. Tanto isso quanto um aparente cuidado em não se jogar em um monte de escatologias fazem então com que Gente Grande acabe sendo um passatempo até inofensivo.

Ao mesmo tempo, é esse mesmo desprendimento que mais impede o filme de chegar um pouco mais alto, já que tirando esse ponto de partida é impossível olhar para frente e ver um alvo a ser mirado, exatamente como a brincadeira dos cinco onde um deles atira uma flecha para o alto e ficam a espera dela voltar para o chão. Em um certo momento, uma revanche do famoso jogo de basquete, que o quinteto ganhou três décadas atrás, parece até ser esse lugar a se chegar, mas ela é logo abandonada, dando lugar aos conflitos familiares deles, mas afinal de contas, depois de frear o filme para resolver toda essa roupa suja, o melhor é voltar mesmo para o jogo. O que sobra ao espectador é ficar perdido nesse emaranhado, com a esperança de uma ou outra piada.

Essa espera, no fim das contas, até dá um ou outro fruto, principalmente por uma insistência do roteiro e de uma impressão de improviso dos cinco, já que em momento algum nenhum deles parece estar interpretando um personagem, a não ser Rob Schneider, que precisa caricaturar seu personagem, já que é o único com material a ser explorado. Uma olhada em qualquer show de Stand-up de qualquer um dos outros quatro deixa isso claro.

Isso talvez aconteça graças à ausência total de um contexto minimamente tridimensional para os três (James, Spade e Rock), já que Sandler é claramente o personagem principal (e produtor, roteirista e egocêntrico) e eles se resumem a apenas um trio de estereótipos (o gordo desastrado, o galanteador e o dono de casa) livres para fazerem qualquer piada, o que desperdiça, principalmente, o talento de James e Rock (já que Spade não tem jeito).

A insistência do roteiro vem exatamente disso, dessa liberdade para qualquer piada, portanto, como bons amigos se sacaneando, quanto mais sarro sobre a idade da esposa do personagem de Schneider melhor, assim como sobre amamentação, filhas gostosas ou filhos mimados. A situação fica pior quando muitas vezes as piadas vêm em enxurradas na mesma linha de diálogo, como uma insistência para que aquilo seja engraçado.

Pelo menos, no fim das contas, Gente Grande consegue sobreviver sem muitos exageros, nem muitas gags muito visuais (coisa que seria comum nos filmes do trio citada no primeiro parágrafo), o que ajuda a não fazer do resultado final, nada muito irritante e, principalmente, deixando espaço para o espectador se identificar com personagens e com algumas situações que, se algumas pessoas não passaram ainda irão passar. Talvez aí o único ponto positivo de verdade do filme.


Grow Ups (EUA, 2010), escrito por Adam Sandler e Fred Wolf, dirigido por Dennis Dugan, com Adam Sandler, Kevin James, Chris Rock, David Spade, Rob Schneider, Salma Hayek, Maria Bello e Maya Rudolph


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1 Comentário. Deixe novo

  • ñ me ajudou muito pq ñ tem os aspectos negativos e positos do filme só o resumo dele….
    tente melhorar….

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