Exorcistas do Vaticano Filme

Exorcistas do Vaticano

Tão difícil quanto fazer um clássico, criar um filme que possa vir a ser considerado um dos piores do gênero também é um esforço a ser levado em conta. Por isso, mesmo em todo seu desastre Exorcistas do Vaticano pode talvez se orgulhar por, muito provavelmente, ser lembrado pelos próximos anos e décadas como “o pior filme sobre exorcismo do cinema”.

E não tenham dúvidas, não são poucos os concorrentes, com direito a exorcizada se apaixonando pelo padre em Stigmata; um “Last” Exorcismo que na verdade não era o último e ganhou uma sequência; um padre cheio de marra em Livrai nos do Mal e até as “fitas encontradas” de A Filha do Mal (isso sem contar o prequel preguiçoso, O Início, do próprio Exorcista). Mas esse novo filme de Mark Neveldine ganha fácil de todos esses.

Para quem não ligou o nome à pessoal, Neveldine vem então de uma “filmografia promissora”, com dois Adrenalinas, um Gamer e ainda a sequência de O Motoqueiro Fantasma, portanto, esperar muito dele já seria um milagre. Mas ainda assim seria fácil esperar qualquer coisa.

Exorcistas do Vaticano não se permite esperar nada, é tremendamente pretensioso, não consegue contar uma história que faça muito sentido, não tem efeitos especiais e sustos que escondam o resto de seus defeitos, tem um elenco pior que seus efeitos (nem o sempre simpático Michael Peña salva!) e ainda é dono de um dos finais mais apressados, imbecis e incoerentes que o cinema já viu.

Não uma incoerência que não faça sentido dentro das possibilidades que o filme poderia trazer, mas sim um final tão imprevisível (mas tão imprevisível!) que não poderia estar ali, dentro daquela história. Ou parece não estar, não pelo menos até a hora que ele surge. Enfim, fugindo do spoiler, Exorcistas do Vaticano é sobre uma mocinha de algum lugar dos Estados Unidos que ao pesquisar sobre capirotos, ferir o dedo enquanto corta seu bolo de aniversário e ser “bicada” por um corvo, acaba sendo “invadida” pelo “coisa ruim”. Em algum momento por ali o Vaticano ainda manda então um “especialista” para ajudar o padre local (e sim, você já viu isso tudo em vários lugares antes!).

Exorcistas do Vaticano Crítica24

E o embaraço é tão grande que o filme nem percebe o quanto arranca o espectador de qualquer possibilidade de acreditar naquele mundo ao citar de modo oficial 1900 exorcismos em 2000 anos de igreja e ter essa informação complementada por uma “pseudo reportagem” onde dois “exorcistas do vaticano” falam abertamente sobre um monte de devaneios catolólicos apocalipticos. É impensável depois dessa besteira toda ter a coragem de pedir para seu espectador embarcar nessa história!

Pior ainda. o roteiro de Cris Morgan e Christopher Borelli ainda perde a mão e demora demais para que qualquer coisa minimamente demoníaca surja e conviva com os sustos forçados e o volume alto demais. Um roteiro que também não esconde o monte de decisões esteticamente equivocadas de Neveldine, quem nem ao menos resgata aquele seu estilo exagerado, e quase uma sátira de si mesmo, que era sua assinatura. Seu visual aqui é duro, imóvel e sem a menor personalidade, apostando ainda em algumas câmeras de segurança e entrevistas, mas elas só mostram o que já estava sendo mostrado. Neveldine ainda foge completamente do gore, com mortes offscreen e uma quase ausência de sangue a não aqueles pingo em cima do bolo de aniversário.

Mas sobre tudo isso, Exorcistas do Vaticano talvez seja a prova da não existência de Deus, já que se ele existisse mesmo, nunca iria permitir tamanho retrato vexatório de seus “combatentes do mal”. Haja linhas tortas!


“The Vaticam Tapes” (EUA, 2015), escrito por Michael C. Martin e Christopher Borelli, à partir de uma história de Chris Morgan e Christopher Borelli, dirigido por Mark Neveldine, com Katheleen Robertson, Michael Peña, Djimon Housou, Dougray Scott, Alison Lohman e Michael Paré.


Trailer – Exorcistas do Vaticano

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