Dia da Mulher: Top 11 Diretoras

Se personagens femininas são importantes, igualmente necessário é ter mulheres atrás das câmeras contando essas (e outras) histórias. Como declarou a atriz e cineasta Greta Gerwig, “se apenas homens estão escrevendo e dirigindo filmes, é difícil (para as mulheres) se livrar do olhar deles (o chamado male gaze).”

Honramos aqui, portanto, dez diretoras em atividade atualmente, que têm marcado presença em Hollywood com seus filmes dos mais diversos gêneros. Além da qualidade de seu trabalho, buscamos, também, mostrar os diferentes estilos e jeitos de contar histórias dessas mulheres. E citando a roteirista Diablo Cody, que discute a pressão que as mulheres têm de “se provarem” muito mais do que seus colegas homens: “Nós temos que ter a oportunidade de fazer tudo, bom ou ruim, assim como os homens. Não gosto da ideia de que as mulheres têm que ir e provar que são ótimas em algo. Porquê, sabe de uma coisa? Nós não vamos todas ser ótimas. Precisamos apenas estar fazendo, e ser pagas para isso.”

A lista está organizada em ordem cronológica, de acordo com o longa-metragem de estreia de cada diretora (do mais antigo para o mais recente). E não se esqueça de conferir também nosso Top 10 Protagonistas dos Últimos Dez Anos.

Kathryn Bigelow
Longa de estreia: “The Loveless” (1981)
Outras obras: “O Peso da Água” (2000), “Guerra ao Terror” (2008), “A Hora Mais Escura” (2012)

Kathryn-Bigelow

Kathryn Bigelow fez história: em 1996, tornou-se a primeira (e, até hoje, única) mulher a receber o prêmio de melhor direção no Saturn Awards por seu filme Strange Days – a premiação é voltada a obras de ficção científica e fantasia, áreas ainda pouco abertas à presença de mulheres. Em 2009, ela conquistou prestígio internacional com o sucesso de Guerra ao Terror na temporada de premiações, e foi a primeira mulher a receber o Oscar de melhor direção. Por este filme, ela também saiu com a estatueta das premiações do Directors Guild of America, do BAFTA e do Critics’ Choice – em todos eles, também a primeira diretora a ser premiada.

A Hora Mais Escura, estrelado por Jessica Chastain, também foi um sucesso de crítica mas, apesar de sua vitória por seu longa anterior, Bigelow sequer foi indicada para o Oscar – mesmo que o longa tenha concorrido nas categorias principais de Melhor Atriz, Roteiro Original e inclusive Melhor Filme.

O estilo quase documental de suas obras mais famosas, ambos tratando de temas políticos e militares dos Estados Unidos, fazem com que muitos atribuam o sucesso de Bigelow à “pouca feminilidade” de seus filmes, o que, claro, é uma declaração patética e machista – mulheres podem contar qualquer tipo de história, e esse é o tipo de comentário que um diretor homem nunca escuta ao dirigir, por exemplo, uma comédia romântica.


Jane Campion
Longa de estreia: “Sweetie” (1989)
Outras obras: “O Piano” (1993), “Retratos de uma Mulher” (1996), “Carne Viva” (2003), “O Brilho de uma Paixão” (2009)

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Nascida na Nova Zelândia e residindo na Austrália, Jane Campion foi apenas a segunda mulher a ser indicada ao Oscar de melhor direção, por seu longa O Piano – pelo qual recebeu também a Palma de Ouro no Festival de Cannes, pela primeira vez entregue a uma cineasta do sexo feminino. Ela não levou o Oscar, mas seu roteiro original levou a estatueta. Em 1986, ela já havia recebido a Palma de Ouro dedicada a curtas-metragens por Peel, de 1982. Em 2014, ela presidirá o júri da 67ª edição do festival.

Realizando obras centralizadas em personagens femininas, Campion criou e dirigiu, em 2013, os seis episódios da excelente minissérie Top of the Lake, ambientada na Nova Zelândia. A série segue a detetive interpretada por Elisabeth Moss, que investiga o desaparecimento de uma jovem de 12 anos que está grávida. Os seis episódios foram exibidos em uma sessão especial no Festival de Sundance, que pela primeira vez exibiu uma série de televisão.


Lana Wachowski 
Primeiro longa: “Ligadas pelo Desejo” (1996)
Outras obras: “Matrix” (1999), Speed Racer (2008), A Viagem (2012)

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Trabalhando sempre ao lado do irmão Andy, Lana Wachowski é mais uma das poucas mulheres comandando filmes de gênero. Com seu estilo futurista e fortemente influenciado pelos animês, os Wachowskis conquistaram fãs no mundo todo com a trilogia Matrix. Os filmes de Lana e Andy levantam discussões sobre sociedade, humanidade e consciência, sem contar o visual sempre impressionante. Além da direção, Lana investe também nos roteiros e na produção (sempre ao lado de Andy) e foi responsável, por exemplo, por adaptar os quadrinhos de Alan Moore, V de Vingança, no filme dirigido por James McTeigue. Antes do lançamento de A Viagem, chegou a ser especulado que os Wachowskis seriam indicados ao Oscar de melhor direção, o que faria de Lana a primeira mulher transexual nomeada à estatueta; os irmãos, porém, nunca receberam nenhuma indicação ao prêmio da Academia.


Sofia Coppola
Longa de estreia: “As Virgens Suicidas” (1999)
Outras obras: “Encontros e Desencontros” (2003), “Maria Antonieta” (2006), “Um Lugar Qualquer” (2010), Bling Ring: A Gangue de Hollywood (2013)

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Talvez a principal diretora da atualidade, Sofia Coppola já mostrou grande potencial e talento com sua estreia nos longas-metragens (em 1999). Desde então, lançou outras quatro obras, todas excelentes, com exceção de Maria Antonieta, que é enfraquecido por seu roteiro mas, mesmo assim, conta com uma direção competente.

Especialista em contar histórias de mulheres deslocadas de alguma forma, ela se sai bem também em narrativas sobre garotas adolescentes, criando personagens que, mesmo tendo em comum esta característica de se sentirem perdidas, são diversificadas e complexas.


Julie Taymor
Longa de estreia: “Titus” (1999)
Outras obras: “Frida” (2002), “Across the Universe” (2007), “A Tempestade” (2010)

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Com uma extensa carreira no teatro e na ópera, a carreira cinematográfica de Julie Taymor é bastante visual, desde as cores intensas de Frida até o universo psicodélico de Across the Universe.

Dedicando-se também a adaptações de Shakespeare, das quais já dirigiu duas, Taymor é uma diretora diversificada e seus filmes são experiências belíssimas, e já receberam muitos prêmios.


Karyn Kusama
Longa de estreia: “Boa de Briga” (2000)
Outras obras: “Æon Flux” (2005), “Garota Infernal” (2009)

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Interessada em demonstrar a força e a coragem de suas protagonistas através da força física, Karyn Kusama é uma das poucas mulheres em Hollywood a trabalhar nos gêneros ficção científica e horror, áreas, como já destacamos, ainda muito dominadas pelos homens. Por isso, mesmo com o fracasso crítico de seus filmes (não merecido pelo bom Garota Infernal, escrito por Diablo Cody), ela merece figurar nesta lista. O currículo de Michael Bay, que continua firme e forte em atividade, não é nada melhor.


Julie Delpy
Longa de estreia: “Looking for Jimmy” (2002)
Outras obras: 2 Dias em Paris (2007), “O Verão do Skylab” (2011), “Dois Dias em Nova York” (2012)

Julie-Delpy

Além da carreira de atriz, a francesa Julie Delpy sempre se interessou em contar suas próprias histórias e, ao lado de Ethan Hawke e Richard Linklater, foi responsável pelo roteiro dos três filmes da trilogia Antes do Amanhecer/Pôr-do-Sol/Meia-Noite.

Delpy estrelou todos os longas que dirigiu. Depois de anos em Hollywood e de encontrar inúmeras personagens que não recebem o mesmo desenvolvimento e atenção reservado aos personagens masculinos, muitas atrizes sentem a necessidade de elas mesmas escrevem, dirigirem e/ou produzirem seus próprios filmes – entre as atrizes que se aventuraram na direção, estão Jodie Foster, Robin Wright, Asia Argento, Sarah Polley, Lake Bell, Rashida Jones e, em breve, Scarlett Johansson.


Debra Granik
Longa de estreia: “Down to the Bone” (2007)
Outras obras: Inverno da Alma

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Depois de estrear nos longas-metragens com Down to the Bone, estrelado por Vera Farmiga, Debra Granik estabeleceu-se com Inverno da Alma que, além de receber vários prêmios e indicações não apenas em festivais mas como nas principais premiações (em que não recebeu nenhuma indicação de melhor direção), ainda revelou Jennifer Lawrence.

Seus dois longas-metragens têm em comum o ambiente opressor da cidade pequena onde segredos não ficam escondidos por muito tempo e, com um visual que destaca este aspecto, não é à toa que ambos se passam durante o inverno. Os dois filmes trazem protagonistas femininas multifacetadas e com diferentes tipos de força, que lutam para conseguir sobreviver nestes lugares cruéis.


Dee Rees
Longa de estreia: “Pariah” (2011)

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Dee Rees chamou a atenção do cenário independente norte-americano com o longa Pariah, em 2011, adaptado de seu próprio curta-metragem lançado quatro anos antes.

Ganhadora do prêmio Cineasta do Festival de Cinema de Atena, voltado a mulheres que fazem a diferença no cinema, Rees representa a importância não apenas de que histórias sobre minorias sejam contadas, mas de que as próprias minorias tenham a oportunidade de contar suas histórias – negra e lésbica, seu longa de estreia segue uma adolescente igualmente negra e lésbica no Brooklyn.


Angelina Jolie
Longa de estreia: “Na Terra de Amor e Ódio” (2011)

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Uma das atrizes mais populares de Hollywood, Angelina Jolie sempre dedicou grande parte de seu tempo, atenção e dinheiro a causas sociais. Assim, depois de um documentário que mostrou diversos momentos cotidianos ao redor do mundo, ela estreou na ficção com uma história de amor entre uma pintora muçulmana e um policial cristão da Sérvia. O filme pode ter, e tem, seus problemas, mas é admirável – e raro – ver um filme norte-americano realizado em outro país que resista à tentação de incluir atores hollywoodianos no elenco, seja ao trazer personagens norte-americanos para aquele país ou simplesmente fazendo-os passar por nativos.

Atualmente, Jolie trabalha em Unbroken, obra sobre a vida de do ex-corredor olímpico Louis Zamperini, que foi feito prisioneiro durante a Segunda Guerra Mundial. O roteiro, baseado no livro de Laura Hillenbrand e é assinado por Joel e Ethan Coen. O filme deve ser lançado este ano.


Haifaa al-Mansour
Longa de estreia: “O Sonho de Wadjda” (2012)

Haifaa-al-Mansour

al-Mansour não é apenas uma das mais conceituadas cineastas da Arábia Saudita, mas também a primeira diretora de cinema do sexo feminino do país. Depois de realizar curtas-metragens e um documentário sobre mulheres vivendo nos Estados Árabes do Golfo Pérsico, ela estreou na ficção com o longa O Sonho de Wadjda, que fez história em seu país – é o primeiro longa-metragem dirigido por uma mulher saudita, o primeiro longa gravado totalmente na Arábia Saudita e o primeiro filme indicado pelo país à categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar (em que não chegou a ser escolhido na lista final de indicados). A obra segue a personagem-título, uma garota de 11 anos que sonha em ter a bicicleta verde que sempre vê na vitrine pela qual passa no caminho para a escola – mas andar de bicicleta é um hábito que não é considerado adequado para as garotas sauditas. O Sonho de Wadjda ganhou prêmios em diversos festivais ao redor do mundo.

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