Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família

por Vinicius Carlos Vieira em 10 de Janeiro de 2011

Se enquanto a idéia inicial de “Entrando Numa Fria”, de 2000, era mostrar esse cara que, para conseguir o aval da família da namorada, teria que antes sobreviver a um fim de semana com eles e, principalmente, com o sogro ex-agente da CIA que resolve infernizar sua existência, onze anos e um filme depois “Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família” parece se esquecer completamente de onde veio.

É verdade também que o segundo já mostrava um desgaste, apelando apenas para a dinâmica entre a família dela e a dele (muito mais liberal), mas ainda assim demonstrando um esforço enorme para, pelo menos, arrancar algumas risadas disso tudo. O problema agora, nessa segunda continuação, é que como tudo já foi tratado, o resto parece exalar um perfume de déjà-vu, batendo em algumas teclas repetidas.

Nesse terceiro filme, depois de uma busca na “árvore” da família Byrne, e um pequeno contratempo de saúde, o sogro (Robert de Niro) acaba percebendo que a toda responsabilidade para as gerações futuras de seu nome ficarão nas costas do genro (Ben Stiller) que, diante de tal “peso”, acaba fazendo de tudo para conseguir ocupar o tal posto de “poderoso Focker” (trocadilho no original, “The Godfocker”, com o filme de Copolla, que poderia dormir sem essa).

Mas ainda que a ideia pudesse até se mostrar um pouco interessante, já que tenta fugir dos dois primeiros e criar um outro conflito, o roteiro de John Hamburg (que teve seus acertos com “Quero Ficar com Polly” e “Eu Te Amo, Cara”) e Larry Stuckey, logo parece esquecer desse ponto de partida e retroceder completamente para a mesma dinâmica do primeiro, onde o sogro se mostra disposto a acabar com o romance dos dois e empurrar a filha (Terry Polo) para os braços do ex-noivo (Owen Wilson).

Pior ainda, no afã de dar continuidade a toda história, pouco se importa em revisitar os personagens dos filmes anteriores com um pouco de sentido, principalmente os pais do protagonista (Dustin Hoffman e Barbra Streisand), que poderiam ser totalmente excluídos da trama sem fazer a menor diferença (Hoffman na verdade, parece só ter decidido voltar à produção com ela começada, o que obrigou o diretor Paul Weitz a “sacar da manga” espaço para seu personagem).

Sobraria a Weitz (que, depois do “acerto” de “American Pie” só colocou a mão em besteiras) então, pelo menos, tentar criar um ritmo interessante para a dinâmica entre o sogro e o genro, coisa que não acontece. Enquanto o lado ex-agente do sogro parece totalmente esquecido (e até renegado em detrimento do Google), sua personalidade totalitária e fascista por vezes dá lugar a um lado frágil e hesitante demais, que, por mais incrível que possa ser, até fica diminuta perto da do genro, ainda que esse não tenha lá todo esse crescimento dentro do personagem.

E bem verdade, nem que essa dinâmica da dupla não tivesse sido alterada o filme funcionaria, já que Weitz acaba apostando apenas em piadas ligadas a sexo, flatulência, esguichos de sangue e mais um par de outras nojeiras, tendo até a cara de pau de, no final de tudo, ainda colocar o personagem de Dustin Hoffman para justificar tudo isso, já que todos precisam, sim, rir de qualquer coisa. Ledo engano.

“Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família” ainda desperdiça a presença de Harvey Keitel e Laura Dern, como um pedreiro e uma diretora de uma escola, cada um com suas duas linhas de diálogo. Além de forçar um conflito extraconjugal na vida do protagonista com a participação de Jessica Alba. Tudo isso para, final das contas, atingir um resultado que se preocupa demais com uma lição de moral e arranca pouquíssimos risos (ou nenhum), tornando tudo uma experiência irritante e cansativa para quem entrou no cinema atrás de uma comédia.

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Little Fockers (EUA, 2010), escrito John Hamburg e Larry Stuckey, dirigido por Paulo Weitz, com Robert De Niro, Bem Stiller, Owen Wilson, Dustin Hoffman, Barbra Streisand, Blythe Danner, Teri Polo, Jassica Alba, Laura Dern e Harvey Keitel

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1 Comentário. Deixe novo

  • Nossa não posso negar mas eu adorei. Gosto muito de comédias. Mas gostei principalmente pela presença do talentoso ator Dustin Hoffman. Quero conferir, agora, sua participação em Luck que gira em torno do universo das corridas de cavalos e a máfia por trás delas. Puxa, que elenco!!

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