Arraste-me Para o Inferno Filme

Arraste-me para o Inferno | Um filme de terror genuíno, engraçado e imperdível

Há muito tempo atrás, muito antes de seus três Homens-Aranhas, Sam Raimi, então com seus vinte e poucos anos, se não revolucionou o gênero do terror com seu A Morte do Demônio (que ficou mais conhecido pelo título original, Evil Dead assim como por sua sequencia Uma Noite Alucinante), chegou bem perto disso. Hoje, quando o título de Arraste-me para o Inferno toma conta de toda tela (assim como o de Evil Dead), você percebe o quanto isso fazia falta para o cinema.

Talvez não essa revolução, já que depois dele todos beberam em sua fonte, mas sim esse frescor, essa despreocupação com a seriedade, diferente dessa velhice incômoda com a qual o cinema por vezes parece obrigado a impor. Raimi brinca de cinema, assim como brincou à quase trinta anos atrás. Arraste-me… é divertido e despretensioso, cheio de sustos, suspense, terror, e não tem vergonha de ser o que é: um ótimo filme “trash” (no bom sentido da palavra, quem gosta do gênero sabe do que estou falando).

Durante todo filme, Raimi parece fazer questão de não deixar o espectador resolver se quer rir, se assustar ou ter nojo do que está vendo, como se colocasse todo cinema em um limbo de emoções, onde, em quanto alguém xinga a protagonista por ir pelo caminho errado, um outro ao seu lado provavelmente morre de dar risada do absurdo da situação. E não se engane quem aponte isso como um defeito do filme, pois fique sabendo que tudo ali é orquestrado para essa impressão. Como se Raimi controlasse um mundo onde nada fosse absurdo e tudo acontecesse do pior jeito possível, contanto que deixe espaço para aquele riso que parece perseguir cada instante do filme.

Nele, uma cigana carcomida não consegue obter uma extensão no pagamento de sua hipoteca e roga uma maldição para a coitada da protagonista, loirinha e frágil, que depois disso é obrigada a encarar o inferno, literalmente falando. Raimi cria um filme que trabalha com extremos, tudo parece exagerado, seu ângulos de câmera parecem tortos, seus personagens representam facetas bizarras de clichês mais que comuns e suas soluções parecem fazer questão de abalar qualquer estrutura, tanto visual quanto narrativa.

Talvez os menos avisados sentem no cinema e levem a sério toda a sandice do diretor, e com isso torçam o nariz para coisas como seu bode possuído ou um ataque feroz de um lenço, sem contar na frequente mordida desdentada (e úmida) da cigana, com isso deixando escapar entre seus dedos um filme de terror genuíno, engraçado e que mostra que as vezes o melhor do cinema é simplesmente sentar na poltrona e não se levar à sério por 90 minutos.


Drag me To Hell” (EUA, 2009), dirigido por Sam Raimi


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