A Festa de Despedida Filme

A Festa de Despedida

A eutanásia, acreditem ou não, ainda é um tema bastante controverso. Apesar de já legalizado em alguns países pelo mundo – assim como o suicídio assistido – a perda voluntária de uma vida humana é um assunto que divide opiniões. Afinal, de quem seria a decisão final: da família que nutre uma esperança sobrenatural em uma possível cura, ou do indivíduo, disposto a terminar com sua própria dor e sofrimento?

Esse é o tema de A Festa de Despedida, que apresenta em sua história diferentes testemunhos e diferentes visões sobre o assunto. Inicialmente levantando preocupações (naturais) sobre o fato de uma pessoa que concorde em matar outra estar cometendo o crime de assassinato (legal e eticamente), aos poucos o foco obviamente se torna a de casais que passaram boa parte de suas vidas lado a lado, e que agora precisam enfrentar a dura realidade de uma doença terminal.

No núcleo desses casais reside Yehezkel e Levana. Yehezkel inventa bugingangas, como um distorcedor de vozes que usa para brincar de ligar para sua amiga se fingindo de Deus, pedindo para ter paciência, pois ainda não há vagas no céu para ela. Levana aparentemente tem Alzheimer, e como ela mesmo diz, aos poucos está desaparecendo. A pedido de outra amiga muito querida do casal, Yehezkel constrói sua própria máquina de eutanásia para que seu marido possa colocar um fim ao seu sofrimento. A notícia se espalha e logo mais casais procuran Yehezkel para que empreste sua máquina.

A Festa de Despedida Crítica

Construído como uma comédia, o roteiro dos diretores Tal Granit e Sharon Maymon realiza belas manobras em seus diálogos quando encontra aquele momento tocante do casal que representa uma vida inteira juntos. Ao mesmo tempo, captura outros momentos dramáticos e constrói uma piada em torno deles. É assim na ótima cena em que uma declaração imaculada de um marido (drama primeiro) a respeito do primeiro encontro com sua mulher vira uma piada sobre como nossas memórias nos enganam na última fase da vida, mas como isso é irrelevante em frente ao sentimento entre duas pessoa (drama novamente). Na maioria das vezes ele é bem-sucedido (como na cena da estufa), em outras nem tanto (o guarda-rodoviário). Porém, o que importa é que a natureza do filme nunca se trai, e sempre se mantém em alta, não importando a história que acompanhamos.

A direção leve e inusitada da dupla de diretores consegue ainda encontrar momentos para encaixar assuntos periféricos, mesmo que pareçam em um olhar mais aproximado jogados no roteiro. É assim que se fala da questão da eutanásia se tornar um negócio, e o já conhecido “turismo de morte” na Suíça, um país que permite o suicídio assistido e para onde várias pessoas viajam afim de realizar um último ato que seu país de origem as proibiu.

E mesmo que em certo momento pareça virar episódico, a tensão crescente em torno do casal principal sobre a decisão da esposa de assumir que já passou da hora de se internar e evitar um sofrimento ainda maior quando seu esquecimento atingir as memórias do casal é o que consegue mover o terceiro ato e fechá-lo circundando toda a história como uma homenagem a todos os que não puderam realizar tal ato de dignidade humana.


“Mita Tova” (Isr/Ale, 2014). escrito e dirigido por Tal Granit e Sharon Maymon, com Ze´ev Revach, Levana Finkelstein, Aliza Rosen, Ilan Dar, Raffi Tavor e Yosef Carmon.


Trailer – Festa de Despedida

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